Brasília - No Brasil, de 5,1 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos que estavam trabalhando em 2006, 2,9 milhões não receberam nenhum tipo de orientação ou treinamento para exercer a função. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad). Com isso, foram registradas 273 mil crianças machucadas durante a semana em que a pesquisa ocorreu. O gerente do Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Renato Mendes, diz que fora a conseqüência para a competitividade dessas crianças no futuro, na hora de concorrer ao mercado de trabalho, sérios problemas serão gerados para a previdência social. “Se a capacidade produtiva dessa pessoa vai ser reduzida porque ela ficou incapacitada pelo trabalho durante a infância, a previdência vai ter que cuidar dela. Hoje, nós temos muitas meninas que serão inférteis, muitas mulheres que terão problemas de coluna, muitas crianças mutiladas e que não vão produzir de forma adequada na vida adulta, e que a política pública vai ter que cuidar delas”, completa Mendes. A Região Nordeste é a que apresenta os piores índices, com 63,6% das crianças ocupadas trabalhando sem treinamento e 7,1% de acidentes que resultaram em machucados. Para efeito de comparação, o número de crianças e adolescentes nessa faixa etária trabalhando no Brasil corresponde a 11,5% do total. No Nordeste , esse percentual sobe para 14,4% e nos estados do Maranhão e do Piauí, a taxa passa de 17% do total de crianças e adolescentes no trabalho. “Especialmente no Maranhão, nós percebemos por meio dos dados da Pnad, que 12% das crianças que trabalhavam naquele estado sofreram acidentes de trabalho. É uma taxa quatro vezes maior que a encontrada em adultos trabalhando”, aponta Renato Mendes. “Isso é muito preocupante num estado em que o desenvolvimento econômico ainda não atingiu sua maioridade, ainda depende de ações extrativistas, da pecuária, da ação primária da produção”, acrescenta. Segundo ele, as atividades rurais e extrativistas são as que mais geram acidentes quando a mão-de-obra é infantil. “No caso das atividades extrativistas, temos duas conseqüências gravíssimas: crianças que perdem as mãos no extrativismo mineral – elas utilizam martelos mais pesados que sua capacidade muscular – e as que absorvem amianto (substância altamente cancerígena) na produção do talco. As crianças que trabalham com amianto têm vida média de 50 anos de idade”, diz o gerente da OIT.','').
Mariana Jungmann Repórter da Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu Comentário